Abstract A central conceit to Michael Taussig’s writing, as approached herein, lies in its removal of the preposition conventionally deployed to describe ethnography, history, and other modes of “non-fictional” writing: writing about reality. What could such writing be like if it is no longer written “about” that which it purports to describe or narrate but rubbing right up against its still-unresolved materiality? Beginning at “Unpacking My Library” - a title Taussig takes from Walter Benjamin - and detouring through Fred Moten’s Black Afro-Diasporic figuration of the “not-in-between,” we investigate how such approaches to the “language of things” relate to writing ethnography. Exploring how Taussig’s writing works, in part by approaching certain artistic/cultural/cosmo-political practices as “mimetic allies,” we similarly touch upon the African-Diasporic traditions with which our own writings engage. Throughout, we flesh out how history - and Black history - figure as interruptive forces both in and beyond Taussig’s writing.

Resumo Uma presunção central na escrita de Michael Taussig, conforme abordada aqui, consiste na remoção da preposição convencionalmente usada para descrever etnografia, história e outros modos de escrita não-ficcional: escrever sobre a realidade. Como seria essa escrita, que não é mais “sobre” aquilo que pretende descrever ou narrar, mas que faz fricção com sua materialidade ainda não determinada? Partindo do ensaio “Desempacotando minha Biblioteca” - cujo título Taussig toma de Walter Benjamin -, e desviando pela figuração Negra/Afro-Diaspórica de Fred Moten do “não-entre”, investigamos como essas abordagens da “linguagem das coisas” se relacionam com o escrever da etnografia. Explorando como a escrita de Taussig envolve a aproximação de certas práticas artísticas/culturais/cosmo-políticas como “aliados miméticos,” também tocamos nas tradições Afro-Diaspóricas com que nossas escritas lidam. E procuramos detalhar como a história - e a história Negra - figuram como forças interruptivas na e além da escrita de Taussig.

Abstract If necropolitics, according to Achille Mbembe, involves “contemporary forms of subjugation of life to the powers of death,” necropoetics, as proposed here, involves the poetic and gestural interruption of necropolitics. Starting out from a gesture that simulates the act of killing, I ask what sort of anthropology and corresponding mode of writing would be entailed if one were to imaginatively align oneself with that gesture and others like it as they traverse temporal, contextual, and intertextual thresholds - including that between life and death - and the racialized histories recalled thereby. The counter-fabulatory approach taken herein, in pitting the poetic (Black) subtexts of the iterations of this gesture against the varied modes of discourse - ethnographic (part I), historical (part II) and anthropological (part III) - that would capture them, seeks to performatively interrupt the pretense of a neutral language through which necropolitics passes for the continuation of history as usual.

Resumo Se a necropolítica, segundo Achille Mbembe, envolve “formas contemporâneas de subjugação da vida aos poderes da morte”, a necropoética, como aqui proposta, envolve a interrupção poética e gestual da necropolítica. Tomando como ponto de partida um gesto que simula o ato de matar, pergunto que tipo de antropologia e modo de escrever estariam implicados se nós nos alinhássemos imaginativamente com aquele e outros gestos similares, na medida em que esses atravessam limiares temporais, contextuais e intertextuais - incluindo aqueles entre a vida e a morte - e as histórias racializadas que ali emergem. A abordagem contrafabulatória assumida aqui, ao opor os subtextos poéticos (negros) das iterações desse gesto aos vários modos de discurso - etnográfico (parte I), histórico (parte II), e antropológico (parte III) - que os capturam, busca assim interromper performaticamente a presunção de uma linguagem neutra através da qual a necropolítica se faz passar por uma continuação da história de sempre.

Resumo Neste ensaio, estamos interessados menos em “objetos” do que em certos tipos de coisas: coisas como fumaça, gestos, imagens, encruzilhadas, pessoas e entidades. Tomando um evento em particular – uma festa de exu –, buscamos explorar a circulação de tais coisas, que se configuram numa nebulosa encruzilhada entre coisa e signo, ação e significado. Longe de explorarmos a festa por seus conteúdos simbólicos, abordamos o próprio jogo tenso entre significação e materialidade que ali ganha vida. Tais matérias nebulosas envolvem não movimentos claramente identificáveis ou transições entre coisas pré-constituídas, ou mesmo os processos ordenados/ordenadores pelos quais essas coisas são constituídas, mas estados potenciais indeterminados e atos imprevistos, processos materiais e performativos de circulação em que as coisas ganham vida na festa.

Abstract In this paper, we are interested less in “objects” than in certain kinds of things: things such as smoke, gestures, images, crossroads, persons and entities. Turning to a particular event – a festa de exu, a celebration for exu –, we explore the circulation of things which in the festa coalesce in a nebulous crossroads between thing and sign, act and meaning. Far from exploring the festa for its symbolic meanings, we seek to engage with the tense play between signification and materiality that takes place there. We take such nebulous matters to involve not the clearly identifiable movement or transitions between pre-constituted things, or the ordered/ordering processes by which such things are constituted, so much as indeterminate states of potential and unforeseen acts, material and performative processes of circulation within which things come to life in the festa.